quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Brighid, o Sagrado Feminino e a Ressignificação de Imbolc

 

Neste dia 02 de agosto tivemos a passagem de mais uma celebração da Roda do Ano do HS (Hemisério Sul), saudando Brighid e a festa de Imbolc.
Vivemos na atualidade um movimento forte e mágico que diz respeito ao retorno das mulheres ao seu Sagrado, o culto aos seus antepassados, suas forças e conquistas, e a festividade que celebra Brighid é um marco importante para essa ressignificação de Imbolc.

Por que ressignificação?

Porque Imbolc está diretamente relacionado não apenas com os ciclos de colheita (que marcam a Roda do Ano), mas justamente na busca das bênçãos de Brighid, uma deusa celta que se divide em três facetas – a poetisa, a médica e a ferreira -, sendo conhecida como a deusa da Tríplice Chama, pois “o fogo alimenta as forjas, esquenta os experimentos dos alquimistas e incendeia a mente dos poetas” (Wikipedia).

No fogo, também temos o elemental primevo, que nos possibilita aquecer nosso corpo e espírito, e ao qual dedicamos nossos pedidos e orações.

Interessante e instrutivo é o texto sobre reconstrucionismo celta que trata da Deusa Brighid:

“Deusa do fogo, das fontes curativas, dos poetas e sua arte, da metalurgia, da cura, da fermentação, do lar e da família, da pecuária. Deusa de todos, do povo comum, da aristocracia bélica, das classes eruditas. E o mais impressionante de tudo, deusa que não foi esquecida no Cristianismo. Não há informações claras sobre se realmente houve uma mulher chamada Brighid na Irlanda que, ao se converter ao Cristianismo e assumir a autoridade dentro da Igreja Celta (então, muito diferente da Sé Católica), criou o seu santuário em Kildare, na Irlanda (cujo nome, Cill Duir, “Templo do Carvalho”, pode indicar uma importância pré-Cristã para o local) e a ordem de freiras que mantiveram vivas tantas tradições Gaélicas. Mas quer essa mulher tenha existido, quer tenha sido inventada pela Igreja, as características atribuídas a ela vem da deusa do qual ela recebeu o nome. Todas as suas associações (incluindo com as fontes curativas) vem da deusa pagã. Seu festival, Lá Fheile Bríde é o Imbolc, a Festa da Primavera, que começa a se aproximar. É a festa da deusa Brighid, e é a ela que devemos nossas homenagens nesse dia, seja na forma da Deusa ou da Santa. Seu culto, tão ligado ao fogo (como o da deusa) incluía a vigília. No monastério de Kildare, um grupo de nove freiras cuidava de uma chama perpétua, que não podia se apagar. A cada dia, uma era responsável. No décimo dia, a nona freira deixava a madeira ao lado da fogueira e deixava a responsabilidade para a própria Brighid. O fogo foi várias vezes apagado pelas autoridades Católicas, que julgavam (corretamente) aquilo uma sobrevivência de paganismo, mas ele sempre foi reaceso. O fogo de Brighid é mais que o fogo de Kildare. É aquele que queima na cabeça e no coração dos seus devotos. E esse nunca vai se apagar, por isso, o fogo de Brighid sempre irá ser aceso de novo.” https://sites.google.com/site/brasilkeltia/druidismo-reconstrucionismo-celta/brighid

Assim, temos a celebração de Brighid como Deusa que nutre não apenas pelo seu aspecto de mãe / geradora, mas pelo seu aspecto criativo e inspirador da chama que nunca se apaga.
Imbolc passa a ser uma festividade que eleva a importância desse sagrado feminino, envolvendo nossa consciência para o papel gerador mas também criativo da mulher, que não apenas dá – literalmente – a luz e amamenta (outra característica da divindade), mas que possui a sua marca e sua força no fogo perpétuo, que mantém vivo em nossos corações o amor à Antiga Religião.

Evoé!

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