quinta-feira, 1 de maio de 2014

Morte e renascimento






A ideia sobre morte e renascimento é tão antiga que não podemos datar, com precisão, a partir de qual momento se passou a honrar a passagem como algo sagrado ou melhor, a partir de quando começou a existir o luto na morte, como fim da existência física.

Para os Egípcios, e com certeza para muitos antes deles, morrer era encontrar-se e tornar-se Osíris, ou seja, fazer parte do Todo como ser Divino e Uno. Portanto, a morte era uma passagem necessária para a grande conquista, após passar pelo julgamento e a pesagem do seu coração (que deverá ser tão leve quanto a pluma de Maat).

Entretanto, assim como a lâmina X do tarot - a Roda da Fortuna -, o Universo, assim como o Todo nele contido, move-se através de ciclos que envolve o nascer, desenvolver-se, amadurecer e morrer, para um novo ciclo de renascimento (e a roda vai girando...). Afinal, este é o ciclo natural de todas as coisas.

Assim, quando chegamos em Samhain (30 de abril e 1º de maio no Hemisfério Sul), iniciamos um novo ciclo mágico (era também considerado o “ano novo celta”), época em que celebramos também a 3ª e última colheita, pois com a vinda da gélida noite invernal, nada mais se colhe, nada se planta. Também a natureza tem o seu momento de recolher-se.

Para nós, é momento de honrar os antepassados, aqueles que vieram antes de nós e deixaram seu legado – especialmente o mágicko -, nos ensinando que é necessário deixar-se morrer para renascer. É necessário esvaziar-se para manter-se cheio e é preciso entregar-se para ser acolhido.

Morremos para o profano para renascermos para o Divino, como já diz a sabedoria antiga.

Aprendemos a nos desapegar daquilo que não mais agrega valor ao nosso caminhar e deixamos que o tempo e o vento levem consigo tudo o que nos impede de sermos plenos, até que estejamos vestidos apenas com as estrelas e, purificados, prontos a ingressar para o Divino.

Não há a necessidade de literalmente arrancar os vícios e dificuldades pessoais, mas sim de acolhê-los e mostrar que não há mais lugar para eles em nossas vidas, deixando-os livres para juntar-se à Grande Teia, na qual, transmutados, retornarão sob a forma de energia pura e imaculada.

É um processo lento e árduo, pois prescinde de uma consciência ampla de nós mesmos, o que somente é possível após observação, reflexão e a vontade de transformar-se em um só com o Sagrado. Para tanto, o recolhimento é necessário.

Recolher-se inclusive das palavras proferidas, nas ações executadas e nos pensamentos incessantes. É tempo de silêncio e introspecção.

Saudando aqueles que vieram antes de nós, que tenhamos todos uma boa morte e um feliz reencontro no Sagrado.

Evoé!

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