quarta-feira, 27 de março de 2013

O silêncio e a sua importância na tradição mágicka



Harpócrates (em grego: Ἃρποκράτης), na mitologia grega, é o deus do silêncio. Foi adaptado pelos antigos gregos a partir da representação infantil do deus egípcio Hórus. Para os antigos egípcios, Hórus representava o Sol recém-nascido, surgindo todo dia ao amanhecer. Quando os gregos conquistaram o Egito, com Alexandre, o Grande, acabaram por transformar o Hórus egípcio numa divindade helenística conhecida como Harpócrates (do egípcio Har-pa-khered ou Heru-pa-khered, lit. "Har, a Criança").
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Questão que merece destaque e dedicação àqueles que trilham os caminhos do ocultismo e da tradição mágicka é o silêncio e sua importância no caminho do iniciado.

O sigilo, os mistérios, o segredo, o silêncio, todos trabalham em um mesmo sentido: manter a higidez mental, o equilíbrio emocional e, principalmente, o domínio sobre o ego.

Pesquisando em outras páginas na procura de uma imagem para o texto, deparei-me com ótimo texto que trata exatamente da questão do silêncio na magia, conforme os ensinamentos de Aleister Crowley.

Ainda, sou obrigada a parafrasear Mark Twain, em frase tão sutil e cheia de significado:
"Como a abelha trabalha na escuridão, o pensamento trabalha no silêncio e a virtude no segredo."
Pode ser que no profano, o silêncio seja mal entendido, tomado como um erro. Isso porque no pensamento comum, a lógica que impera é que sendo detectado qualquer dissonância com a realidade e podendo o indivíduo desfazer equívocos ou mal entendidos, silenciar seria uma omissão.

Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido antes de se dizer que algo está destoando da razoabilidade.

Se um dos postulados mágicos mais importantes é o "não julgar", como podemos, prontamente, indicar se algo é ou não é verdadeiro, correto ou sincero?

Por isso a importância do silêncio, da observação. Em silêncio, preservamos aquilo que temos de mais importante: nós mesmos.

As palavras possuem uma força imensa e é portanto indispensável o uso da prudência quando da sua manifestação.

A ideia de que se pode falar tudo o que se quer a qualquer momento é, no mínimo, tentando não ser repetitiva... profana... 

Saber conviver com as discordâncias, com aquilo que não entendemos, é trilhar o caminho do autoconhecimento e desenvolvimento mágicko e pessoal do bruxo.

Já diz o ditado que se não tem nada de belo para dizer, então que não o digas!

E não estou aqui tratando de questões de debate, os desafios dialéticos, o secreto poder da argumentação, pois estas merecem nossas palavras, desde que, por óbvio, bem colocadas.

Me refiro aqui à questão da retidão do iniciado na caminhada mágicka. A prudência de não revelar suas reais intenções e, principalmente, não utilizar do conhecimento comum para ter acesso aos diferentes planos astrais.

Entre outros tantos motivos, podemos dizer que a caminhada mágicka é o desvelar de mistérios, sendo que o maior mistério de todos é a redescoberta da Divindade que existe em cada um de nós.

Silenciar a palavra, a mente e as reações não volitivas (aquelas que são efetivamente reativas a uma determinada ação) são os trunfos que um Mago deve utilizar de forma sábia.

Da mesma forma, realizar seus rituais de forma secreta e sigilosa também garante tanto a manutenção energética de uma egrégora quanto possíveis "ataques" de seres e pessoas que não estão interessados que o iniciado tenha sucesso em sua empreitada de manter-se fiel à Tradição.

Por fim, os sigilos são o que considero os instrumentos de maior importância e segurança para o bruxo no momento de seu conjuro e na realização de sua obra mágicka. Isso porque o sigilo é algo que pertence somente ao bruxo e nunca pode ser compartilhado. Assim, não é possível ser copiado ou, ainda, sofrer interferências, seja de qual plano for.

Muitas obras, hoje em dia, ensinam como fazer os sigilos, mas ainda tenho fé que apenas na efetiva iniciação mágica pode-se dar a real dimensão desta ferramenta.

E em se tratando de silêncio, a manifestação já foi mais do que longa.

Deixo todos com uma mensagem, a mesma que encerra o texto destacado no início dessa reflexão:

"De todas as Virtudes Mágicas, de todas as Graças da Alma, de todas as Consecuções do Espírito, nenhuma tem sido tão mal-compreendida, até quando foi sequer vislumbrada, quanto o Silêncio". (Aleister Crowley)

Evoé!

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Tudo Sobre Magia e Ocultismo: O Sinal do Silêncio

Tudo Sobre Magia e Ocultismo: O Sinal do Silêncio: O Sinal do Silêncio é um gesto muito utilizado, tanto para mandar alguém se calar como também para pedir "segredo" ou como o pr...

sexta-feira, 22 de março de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Os Mistérios de Ísis

Na tradição do Caminho do Sol F.O.M. temos um profundo respeito e uma ligação umbilical com o panteão egípcio e, principalmente, com a nossa amada Ísis, que além de mãe, mentora e Deusa, é a senhora da magia, da cura e da harmonia familiar.
Ísis poderia ter sido uma Deusa como muitas outras, porém o que a fez tão especial foi sua perseverança (ver episódio da ressurreição de seu irmão e marido amado Osíris), sua força inabalável e a certeza da vitória sobre a Morte.
Ísis nos ensina a termos firmeza em nossos propósitos e confiança no seu amor e proteção, pois sob suas asas, temos conforto, segurança e a certeza da vitória em nossa vida.
O templo do Caminho do Sol é dedicado a Ísis e Osíris, segundo orientações da própria Deusa, e, portanto, exige que tenhamos momentos de louvor e devoção às divindades egípcias, em especial à trindade Ísis, Osíris e Hórus.
Muitas são as canções, poemas e orações em louvor a Ísis, mas existe uma, em especial, que toca o meu coração, e à qual me reporto sempre que possível e necessário:

Te saúdo no início deste dia, ó Grande Deusa, para que sob tuas asas eu tenha proteção, sob teu olhar, eu tenha tua orientação, e sob tua luz eu tenha clareza para conduzir o meu dia. Sub umbra alarum tuarum!
Conhecer os atributos de Ísis é conhecer o que é incognoscível e absoluto e, ao mesmo tempo, inato e espiritual. De uma forma extremamente simples, podemos fazer a conexão com a deusa através de uma simples respiração, a oferta de incensos e óleos perfumados ou apenas pela invocação de alguns dos seus muitos nomes (um deles é, inclusive, a Deusa dos Dez Mil Nomes).
Entretanto, a história de Ísis, tanto no sentido ritualístico como romântico, recebeu inúmeras interpretações ao longo dos tempos, sendo necessário ao neófito uma análise pormenorizada das fontes que utiliza para os estudos.
Nesse aspecto, a internet não ajuda muito, pois recursos como a Wikipedia, por exemplo, mistura muitas definições e fontes, que são, algumas vezes, contraditórias.
Assim, sobre os aspectos do culto à Ísis, recomendamos a excelente obra  "Os Mistérios de Ísis - Seu Culto e Magia", de Detraci Regula.
Nesta obra temos uma reunião mágica e profunda de conceitos históricos, filosóficos e mágicos que envolvem a figura de Ísis.  É uma fonte de informação com dados históricos, rituais antigos, representação de símbolos, terapias de cura e cultos modernos à divindade.
Mas independentemente da obra escolhida ou dos textos lidos, o culto à Ísis é muito mais um ato de amor e disciplina do que um conhecimento específico a respeito de seus atributos.
Isso porque a Divina Senhora é a projeção do tudo, do Todo, do infinito insondável e de tudo o que existe no Universo ao nosso redor. Ela é a expressão única e máxima do Amor.

Te saúdo, Senhora do Trono!
Neteret Auset!

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quinta-feira, 14 de março de 2013

O teste

 
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“Cada vez que achamos que não temos mais o que aprender são nossas fraquezas e não nossas forças que serão testadas.”
Essa frase eu encontrei esses dias dentro de um caderno, junto com alguns outros rabiscos.
Não lembro se foi retirada de um livro, se eu mesma escrevi ou se foram as lições do meu Mestre. Gosto de pensar que foi um dos importantes ensinamentos que eu continuo recebendo do meu Mestre... aqueles que pegamos no ar, em uma conversa ou mesmo em uma brincadeira.
Sei que quando reli, senti as palavras queimarem em minhas retinas, e fogo se alastrou, enchendo o meu coração de alegria e – de repente – minha alma ficou em paz.
“É isso” - pensei.
E então todas as longas discussões sobre o ego, a Tradição e o “ser” ao invés do “mostrar algo que não se vive, que não se é” vieram à tona.
Quantas vezes não achamos que somos nós e não os outros que têm algo a ensinar? E lamentamos pelo reconhecimento que não é dado e o tempo perdido que nunca mais será recuperado.
Bom, astrologicamente falando, Saturno está com toda sua força; ou seja, as máscaras vão caindo, pessoas e coisas são retiradas de nossas vidas... uma limpeza justa e necessária para que possamos enfrentar nosso maior inimigo: nós mesmos e o equilíbrio que insiste em não se manter.
Como é de se esperar, a auto-confiança é um elemento indispensável a quem quer seguir a magia e, principalmente, desenvolver (e despertar) a Alta Magia.
Entretanto qual o ponto que distingue a coragem da imprudência, a sabedoria da ignorância, a vontade do desejo?
Talvez não exista uma única resposta a este questionamento, mas com certeza existem algumas dicas dos antigos Mestres, que podemos resumir na ideia de que o que realmente importa é o hoje, o agora.

Não esperar pelo momento certo, fazê-lo acontecer.
Não esperar aplausos, mas fazer o melhor para ter orgulho de si mesmo.
Não esperar pelo outro, agir consciente em busca da realização concreta.

Don Miguel Ruiz, em esplêndida obra sobre o agir correto segundo a filosofia tolteca, resume a ética do ser que busca a sua divindade em 4 compromissos (que dão nome à sua obra):

1) Seja impecável com sua palavra.
2) Não leve nada para o lado pessoal.
3) Não tire conclusões.
4) Dê sempre o melhor de si.

Compromissos simples, mas que firmam os nossos pés no chão, no presente. Que nos traz de volta à nossa condição de que somos todos buscadores nessa caminhada, que podemos sempre aprender um pouco mais, e que dar o nosso melhor é uma excelente forma de sermos cada vez melhores.

Evoé!

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segunda-feira, 4 de março de 2013

Cogito ergo sum

A famosa frase de René Descartes, parafraseada por muitos outros e compreendida por poucos traz à nossa realidade um enfrentamento necessário aos que querem seguir uma caminhada mágica.
E se tudo o que vivemos até hoje fosse um sonho, um joguete de Deuses ébrios e zombeteiros?
E se não existíssemos de verdade ou que a nossa existência fosse fruto de uma ideia colocada pelos mesmos Deuses?
Essa linha de pensamento é que levou o famoso filósofo a buscar a raiz da sua própria existência.
E a genial conclusão é que existimos porque pensamos.
Mas será que tudo o que pensamos é derivado de nossa própria mente ou são ideias, crenças e padrões que são adotados como verdadeiros, mas que não se sustentam perante o questionamento?
Pois então temos mais um desafio para os caminhantes das antigas sendas: duvidar sempre.
Não aceite nada como verdadeiro se houver a mínima possibilidade de que não o seja.
Estamos, portanto, dentro de um balaio de incertezas, no qual o mínimo deslize pode nos levar à loucura... ou à genialidade.
Mas no quê acreditar?
A primeira lei hermética aponta para o seguinte enunciado: O Universo é Mental, o Todo é Mental. Na compreensão do Todo, temos o finito infinito, aquilo que tudo compreende, a totalidade, a soma de todas as partes, a realização de todas as obras.
Ora, se o Todo é Mental, portanto o Todo é obra da mente, e se o Todo é obra da mente, o Todo se realiza através da mente.
Complicado? Nem tanto.
Alguns ganham dinheiro vendendo livros de autoajuda uma verdade que vende milhões de dólares, filmes, livros e entrevistas: algo do tipo “você consegue aquilo que você mentaliza que alcançará, pois és ilimitado, assim como o teu pensar”.
Pois é... deveras simples, para o profano, o material, o supérfulo.
Mas e para as grandes realizações? Para alcançarmos a unidade com o nosso Ser divino e utilizarmos da mágicka para transformarmos a realidade como a queremos... é necessário querer, ousar, saber e calar. Quatro pilares do universo mágicko, aliados à observação e à experimentação.
A força da nossa magicka é proporcional à força mental que utilizamos para realizá-la; ou seja, quanto mais se deseja, mais a energia é direcionada àquele propósito, e com muito mais êxito se consegue as realizações no plano físico, emocional e espiritual.
No Caibalion, temos a seguinte lição:
“A Mente (tão bem como os metais e os elementos) pode ser transmutada de estado em estado, de grau em grau, de condição em condição, de pólo em pólo, de vibração em vibração. A verdadeira transmutação hermética é uma Arte Mental.”
E prossegue:
“Se o Universo é Mental na sua natureza, a Transmutação Mental pode ser considerada como a arte de MUDAR AS CONDIÇÕES DO UNIVERSO, nas divisões de Matéria, Força e Mente. Assim compreendereis que a Transmutação Mental é realmente a Magia de que os antigos escritores muito trataram nas suas obras místicas, e de que dão muito poucas intruções práticas. Se Tudo é Mental, então a arte que ensina a transmutar as condições mentais pode tornar o Mestre diretor das condições materiais tão bem como das condições chamadas ordinariamente metais”. (Caibalion, p. 32)
Para o estudioso das artes mágickas, o domínio da mente é princípio básico necessário para o alcance das suas realizações, seja para lidar com as vicissitudes diárias, seja para enfrentar as intempéries dos diferentes planos de energia com os quais trabalhamos.
Com o pensamento, podemos ser amados ou odiados, adorados ou temidos, suaves ou implacáveis, mas sempre conforme o nosso propósito e a nossa determinação.
E como diria o nosso saudoso Lupicinio Rodrigues...
E o pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começa a pensar”